Uma Rocha Nordestina E Brasileira.
A Sociedade Brasileira de Geoquímica (SBGq) presta solidariedade à população da cidade de Santa Filomena, sertão de Pernambuco, e entende que é necessário empenho de todos para se manter íntegro o direito à preservação de seus bens naturais.
Toda nação tem o direito de ter preservado seu patrimônio histórico, cultural e científico. Uma nação é formada por território, população e cultura. Logo é fundamental que estes parâmetros sejam levados em conta sempre que houver qualquer ameaça no sentido de se macular seus valores territoriais, culturais e científicos. Todo povo cresce a partir do conhecimento do passado e do presente e só assim pode estabelecer seu futuro.
Cabe assim, que a esta nação lhe seja garantido o direito e soberania de seus bens naturais, culturais e científicos.
Nesta última semana a pequena cidade de Santa Filomena no interior pernambucano, foi palco de um dos fenômenos mais fascinantes da natureza. A queda de um meteorito trouxe uma corrida de várias pessoas com os mais variados interesses, dentre eles, o comercial. Principalmente ocupado por estrangeiros e pessoas não ligadas à ciência.
Os corpos celestes vagam por nosso sistema solar desde a sua formação. Trazendo consigo as assinaturas astronômicas, geológicas e possivelmente biológicas dos primórdios de nosso planeta.
Ao entrar na atmosfera (aqui me refiro ao espaço aéreo brasileiro) estes corpos recebem o nome de meteoros (popularmente chamados estrelas cadentes), ao atingirem o solo, são denominados de meteoritos. Estas rochas raras que compõem as mesmas características do berçário de nosso sistema solar são fundamentais para o conhecimento das ciências planetárias e da busca pela origem da vida.
A pequena Santa Filomena foi agraciada por este fenômeno e merece todo o apoio da comunidade científica brasileira, bem como dos órgãos municipais, estaduais e federais, no sentido de garantir que este material seja preservado e mantido em território nacional.
Vários países garantem em suas legislações o direito a preservação de seus bens naturais e científicos em prol da nação.
Sendo assim, ao cair em solo nacional, entende-se que estes corpos celestes passem a fazer parte também do patrimônio científico e cultural brasileiro. Solicitamos que os poderes legislativos públicos e científicos, municipais, estaduais e federais inclua definitivamente e em caráter irrevogável em nossos quadros de proteção de materiais científicos os meteoritos, salvaguardando desta forma e em qualquer situação, o direito e o dever de serem mantidos em território nacional sob a guarda de instituições científicas e públicas reconhecidamente credenciadas para atuar nesta área de conhecimento das geociências e astronômicas.
Rio de Janeiro, 3 de setembro de 2020. Diretoria da Sociedade Brasileira de Geoquímica Ramsés Capilla p/ SBGq
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